Morte em família e as crianças

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Como agir com os pequenos quando um ser amado morre

É comum  a dúvida de como agir com as crianças nos casos de morte de pessoas próximas. É corriqueiro ainda os responsáveis pelos pequenos relatarem que a morte já ocorreu e que, via de regra, impediram a criança de participar do velório e ritos de despedida do familiar, visando poupá-las do sofrimento. Essa é a forma mais adequada de lidar com situação? Não, não é!

A morte é uma condição humana, como tal é necessário ser vivenciada. A questão na cultura ocidental tem sido cada vez mais negada, o que acaba por gerar mais dor e sofrimento . O mais adequado então é tratar o acontecimento da forma mais natural possível.

O modo como cada um reage a morte do outro é pessoal e internalizado, deixando revelar as vulnerabilidades pessoais a ela associadas. Então as crianças vão reagir conforme aprendem com os adultos em seu seio familiar. O medo da reação dos pequenos é mais dos adultos do que delas. Assim é importante que as crianças tenham contato com perdas, entre elas a morte, para poderem elaborar o luto e assim seguir a vida de modo saudável.

A perda de um ser amado pode ser vivenciada, por exemplo, através da morte de um bicho de estimação. Assim ela vai assimilar que a morte faz parte da vida e que esta tem um ciclo. Outra conduta é deixar a criança participar dos ritos de despedida, falar daquela perda no nível que a criança entenda e permitir a vasão da sua emoção.

Elas conseguem enfrentar quase tudo, desde que lhe digam a verdade e saibam que podem dizer o que estão sentindo e que podem ser confortadas. Por outro lado, se há a negação da morte e dar dor, a criança vai entender que não deve expressar seus sentimentos, sendo assim mais complicado elaborar o luto e aprender a lidar com a perda.

Na hora da morte todos sentem, variando o modo de reação como foi falado, então o mais importante é, passado o momento de crise, a criança voltar a se sentir segura e cuidada. E se todos expressarem o que sentem e se apoaiarem há o conforto e fortalecimento. Assim a vida segue  com a saudade, mas não com dor.

Por Adriana Lemos – Jornalista e psicóloga humanista